Ohana Lefundes começou aos sete anos sua trajetória na dança. A primeira experiência foi no balé, e desde então passou pelo jazz musical, hip hop, até o heels, estilo com salto (alto), onde descobriu sua paixão.
Com sua perfomance e busca por aperfeiçoamento constante, foi em 2016 que ela conseguiu a oportunidade que mudou sua carreira: participar do Prêmio Multishow, como dançarina de Anitta. Sua apresentação rendeu um convite para entrar para o balé de estrada da cantora.
Hoje, Lefundes se dedica não apenas aos shows ao lado da artista, mas também é professora de dança, ministrando workshops no Brasil e exterior.
Em entrevista ao EntreMusic Brasil, Ohana revelou seus planos para 2024. Confira!
Quando você percebeu que gostaria de seguir a carreira de dançarina?
Acho que depois que eu entrei para a escola de dança Alice Arjá, comecei a levar a dança como o meu sonho, assim, porque quando eu entrei, eu entrei numa escolinha de bairro e tal, e aí a minha diretora meio que foi de olheira na apresentação dessa escola e falou “ah, te dou uma bolsa para ir à minha escola”. E aí era o que eu gostava de fazer, mas ali eu entendi que era uma coisa séria, que a gente tinha que ter consciência das coisas. Então acho que foi quando eu me mudei para a escola de dança Alice Arjá.
Como foi receber a notícia de que tinha entrado para a equipe da Anitta?
Eu demorei a acreditar, assim como as coisas quando acontecem na minha vida, eu demorei a acreditar, porque não era uma coisa que eu esperava. Eu tinha em mente trabalhar com dança e tudo mais, mas antes, quando eu entrei para a escola de dança lisiária, eram só danças clássicas, então eu nunca me imaginei trabalhando com funk. Foi um choque muito grande, uma realização muito grande, por ela já ser muito grande aqui no Brasil. Eu entrei no ballet em 2000, e meu primeiro trabalho foi em 2016. Então assim, foi um choque e uma realização muito grande.
Como é a sua rotina de ensaios e preparação para os shows? Você participa do processo de criação das coreografias?
“Na maioria das vezes, quando tem um show especial, ou em outro país, ou em algum festival, a gente tem uma rotina de ensaios. Mas quando não, quando é show de estrada, assim, normal, a gente faz o setlist que ela usa normalmente nos shows. Em relação à criação da coreografia, quem cria é a Arielle. Normalmente, ela cria lá na hora com todo mundo e vai vendo no nosso corpo o que funciona melhor.
Quais são os maiores desafios de ser uma dançarina da Anitta, que é tão reconhecida nacional e internacionalmente? Existe uma pressão adicional?
Eu acho que um dos maiores desafios é sempre estar evoluindo e meio que acompanhando todo esse processo e progresso dela, né? Ela está sempre antenada com as coisas em relação a toda a bolha que envolve o sucesso dela. Não só em relação a música, mas aos sucessos de outros países, o que que está rolando, o que que está bombando… Então a gente precisa estar ligado também nesse tipo de coisa, e estar sempre procurando evoluir junto. Que eu acho que, além de ser uma das coisas mais desafiadoras, é uma das coisas mais legais também, assim, que você sente essa vontade de crescer junto.
Você pode compartilhar alguma experiência memorável ou engraçada dos bastidores de um show?
Eu acho que a experiência mais engraçada que eu tive recentemente foi nos ensaios da Anitta, que aconteceram entre janeiro e fevereiro agora. Tudo era muito engraçado, porque é um palco 360 e ela vai correndo e cantando, e a gente tem que acompanhar dançando, então é tudo muito engraçado, principalmente no início que a gente está ali entendendo que realmente é um ensaio para o carnaval, porque a gente fica meio perdido assim no palco, e isso acontece sempre até a gente entender o jeito que ela vai se portar durante o show. Mas em específico, no último show em São Paulo, dos ensaios da Anitta, ela resolveu cantar músicas como: Veneno, Menina Má, Ginza, Sim ou Não… músicas que ela não cantava há sete, seis, cinco anos, e só em shows muito especiais, que nem sempre a gente dançava. Então era assim: uma puxando a outra, não acaba, a coreografia termina de frente, não termina de costas, agora é uma fila, você na minha frente. Isso tudo em cima do palco! Foi muito divertido, não só pra gente que estava ali tentando se entender, claro, de forma muito engraçada, tanto para o público que estava rindo quanto para ela. Enfim, foi bem divertido relembrar as coreografias com as meninas lá em cima do palco e ver a reação da plateia dela cantando essas músicas antigas. Foi muito legal.
Como é a dinâmica de trabalho com a produção e outros membros da equipe durante os shows e turnês?
O balé anda junto, a banda anda junto e a técnica anda junto. Assim funciona a nossa divisão. E aí cada um tem seu horário para cada coisa. A técnica normalmente vai antes para montar os equipamentos e tudo mais. E o balé e a banda vão na hora do show, faz a apresentação, e a gente já pode voltar direto se quiser. Normalmente, a gente come alguma coisa no camarim e volta; já a técnica desmonta tudo para voltar ao hotel. Então essa é mais ou menos a divisão que a gente tem. Eu não convivo muito com o pessoal da banda e da técnica, né? Só ali durante o translado de uma cidade para outra, de um país para o outro, mas é mais ou menos assim que fica.
Qual é o momento mais emocionante ou gratificante que você teve como parte do grupo?
Para mim, sem dúvida, a parte mais gostosa é estar em cima do palco, fazendo o que eu mais amo, fazendo a vida e poder sentir a energia do pessoal. Eu sou uma pessoa muito sensível à energia, então eu consigo doar a energia muito fácil, mas eu também consigo sugar essa energia, né… vamos dizer assim, eu sou bem esponjinha. Então eu troco muita energia durante o palco, as apresentações. É a parte que eu mais me sinto emocionada. É gratificante o carinho do público. Sem dúvida, é o carinho do público, tanto pessoalmente quanto na internet, é muito gostoso ter eles pertinho.
Como você se mantém inspirada e motivada para continuar evoluindo como dançarina, especialmente trabalhando com uma artista tão influente?
Assim como todo artista, eu tenho meus altos e baixos em relação à inspiração, motivação, criatividade, mas acho que alimentar essas coisas sempre que puder e conseguir é uma boa saída. Eu tenho respeitado bastante esse meu processo pessoal, claro, relacionado à carreira. Mas assim, a minha carreira pessoal, fora a Anitta, é continuar ministrando aulas, pesquisando vídeos do que está acontecendo no mercado lá fora, do que está acontecendo no mercado aqui, participar de workshops e aulas que vão agregar, que você consiga fazer network. Enfim, eu acho que essa conexão com outras pessoas me inspira e me motiva sempre. Apesar de que, por agora, eu estou com uma agenda bem doida, uma rotina bem doida, estou de casa nova, então muitas coisas para conciliar, mas eu tenho uma viagem marcada, já vai acontecer, uma viagem que eu tirei para estudar, e isso é uma das coisas que me mantém motivada, assim, inspirada sempre.
Como você faz para conciliar as suas aulas e workshops com a rotina que você segue como dançarina?
A gente tenta conciliar o máximo possível, sempre que a Anitta dá uma pausa, assim, dos shows, ou quando a gente sabe que vai ter um gap, um espaço na agenda, a gente marca, a minha assessoria me ajuda com isso, graças a Deus, pra conciliar essas coisas, mas é no jeitinho brasileiro mesmo… Ó, aqui a gente tem um espaço na agenda, dá pra colocar, e aí a gente vai liberando as datas, né. Graças a Deus tem muita procura, então a gente vai liberando as datas aos poucos, à medida que vão sendo entregues pra gente as datas dos shows.
Você pode dar um spoiler dos seus projetos para esse ano?
Bom, no final do ano passado eu comecei um projeto de dança, que foi elaborado por mim, para resgatar a Ohana clássica. Eu comecei a me apaixonar pela dança clássica e ao longo do tempo, trabalhando muito com show e muito tempo longe dessas danças que me fizeram me apaixonar, eu sinto que desconectei um pouco da paixão que eu tinha pela dança. Então, eu fiz um projeto de dança que são, a princípio, no início, quatro vídeos das quatro modalidades que eu sou formada: balé, jazz, sapateado e contemporâneo. E eu vou fazer um vídeo com cantoras que eu me identifico de alguma forma, seja na vida pessoal ou em relação às músicas. Enfim, eu me identifiquei de alguma maneira com aquela artista e peguei músicas dessa artista, e vou dançar nessas modalidades. Então vai ser um projeto bem legal, e eu vou divulgar nas minhas redes sociais assim que sair. Mas por conta dessa agenda doida, eu ainda não estou conseguindo conciliar. Um vídeo já está pronto, que é o de balé clássico, e foi uma delícia reviver os momentos. Eu fui à minha escola de dança, onde eu fui formada, que é a Escola de Dança Liceárja e revi alguns professores. Enfim, foi bem especial e eu acho que deu certo, funcionou. Está funcionando, né? Porque ainda não terminei esse projeto, ainda não concluí, mas esse é um spoiler do que vem!