quinta-feira, novembro 21, 2024
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Entrevista | Karinah fala sobre carreira e participação na turnê de Alcione

Karinah é cantora, compositora e sambista. Ela começou a carreira musical aos 12 anos, ainda em Santa Catarina, cantando em festivais. No decorrer de sua trajetória, já gravou com diversos artistas e dividiu microfone com Belo, Sorriso Maroto, Xande de Pilares, Dudu Nobre, entre outras estrelas do samba e do pagode.

Em entrevista ao EntreMusic Brasil, ela contou sua história com a música e novos projetos. Confira na íntegra:

– Karinha, como você começou sua carreira no samba?
Por volta de cinco, seis anos. Ouvindo os discos de Clara Nunes, Gonzaguinha. Minha tia-avó foi a primeira a me apresentar ao samba, a música brasileira. Aos 12 anos participei pela primeira vez de um festival de música e foi onde minha trajetória na música começou de verdade e segue até hoje.

– Como você vê o papel da mulher no cenário do samba e quais desafios você enfrentou?
A mulher precisa se posicionar num mercado tão avassalador, especialmente no samba, que sempre foi um território muito dominado pelos homens. Só que a mulher tem um papel fundamental, não somente na história do samba, mas na música brasileira. Quem trouxe o samba para o Rio de Janeiro foi uma mulher, a Tia Ciata. Seja lá qual for a profissão, qual for o papel, a mulher precisa se posicionar para tomar o espaço que é seu por direito. Eu tenho ainda essa missão de fortalecer essa base. A gente precisa se ajudar, se acolher. E os desafios que eu já enfrentei foram vários, né? A disputa de samba-enredo de escola de samba, por exemplo, é um lugar totalmente dominado por homens. Mas mulheres como Ivone Lara, que desbravou esse lugar, são fonte de inspiração, de amor, de ternura, mas ao mesmo tempo de força. O meu maior desafio é fazer com que o mercado abra as portas não só para Karinah, mas para várias artistas que estão aí buscando o seu espaço. A gente precisa colocar na cabeça do compositor, do arranjador, de que nem sempre aquilo que fica bom para homem cantar é o que fica bom para mulher. Então são desafios diários, mas esse é meu papel hoje aqui e eu acho que é um caminho que é preciso fazer, não tem como fazer diferente, sabe?

– Quais são suas principais fontes de inspiração como artista?
Quando a gente fala de fonte de inspiração como artista, eu tenho muitas, de Tim Maia a Gal Costa, que me ensinou a cantar praticamente. No samba, o trio ABC me trouxe esse olhar de empoderamento, de fortalecer sempre essa base. A Alcione tinha um programa de televisão lá atrás, onde ela recebia vários artistas, cantava no palco com Clara Nunes. Isso é bonito demais de ver e foi realmente uma inspiração para mim. Quando eu penso em empoderamento no samba, eu lembro dessas mulheres que se reuniam e faziam música. Eu amo a Sade, para mim é uma cantora maravilhosa. Tive outras influências como Gonzaguinha, Stevie Wonder, Lionel Richie. Na minha infância eu ouvia de tudo porque a família era muito musical, então vieram muitas referências, né? Até a música sertaneja teve um período da minha vida que eu escutei bastante. Tem um lado meu que é muito romântico também. Eu adoro o Alexandre Pires, acho que ele consegue trazer as canções de artistas como Délcio Luiz de uma forma tão bonita para dentro do samba.

– Quais são seus trabalhos mais marcantes e como enriqueceram sua jornada artística?

Todos os meus trabalhos têm um lugar muito especial no meu coração. Posso citar o “Karinah Por Elas”, meu primeiro álbum visual, em que convidei 27 mulheres da nova geração do samba, entre musicistas e cantoras, para prestar homenagem a grandes potências do ritmo. Estar ao lado de artistas tão talentosas e incríveis me ensinou demais não só sobre música, mas também sobre empoderamento, sororidade e a importância de exaltarmos as mulheres no gênero. Outro trabalho do qual tenho um orgulho danado é meu último álbum, “Aglomerou”, que produzi na pandemia e tem a participação de grandes ídolos e amigos queridos, como Xande de Pilares, Alcione, Neguinho da Beija Flor, Dudu Nobre, Martinho da Vila e Fundo de Quintal. Foi incrível poder reunir todos eles e aprender cada vez mais com suas experiências e seus ensinamentos.

– O que você sentiu ao subir no palco com uma das maiores cantoras do Brasil, a Alcione?
Nossa, bate um frio na barriga! (risos) Já cantei com Alcione algumas vezes, mas sempre é como se fosse a primeira. Ela é uma artista sem igual, além de ser minha madrinha artística Ela é de uma bondade e talento imprescindíveis. Estar na turnê comemorativa de 50 anos de carreira e poder celebrá-la no palco é ainda mais especial.

Karina e Alcione. Foto: Divulgação / Internet
Karina e Alcione. Foto: Divulgação / Internet

– Você poderia compartilhar um momento especial ou uma memória marcante?
Foram muitos momentos marcantes ao lado da Alcione, mas acredito que um dos mais especiais pra mim foi quando ela, ao lado de Chiquinho da Mangueira, me convidou para ser madrinha do programa social da escola. Eu tenho um lado comunitário aflorado e poder trabalhar isso na escola que eu amo e receber dela essa responsabilidade foi uma honra.

– Quais são suas principais influências e como elas se refletem em suas composições?
Minhas principais influências, sem sombra de dúvidas, são Alcione, Beth e Clara (risos). Eu sei que fico repetitiva, mas é a verdade. Elas são grandes inspirações e procuro trazer muito delas para a minha carreira.

– Quais são as principais características do samba, que o tornam tão querido pelo público?
Eu acredito que o samba é tão querido pelo público por ser do Brasil. É nosso, é que nem arroz com feijão, sabe? É algo que só tem aqui, a gente se identifica com a história do samba, né? Como ele começou, como ele se tornou referência no mundo inteiro. E onde tem samba tem alegria. A gente pode até falar de amor, mas o samba traz sempre algo de bom, aquece o coração. É a nossa casa, eu não sei nem explicar, é tipo coração de mãe.

– Pode contar sobre seus projetos futuros?
Acabei de começar a gravar o “CasaPMB”, projeto super especial do Prêmio da Música Brasileira que vai rodar o Brasil para conhecer e encontrar novos talentos musicais. Eu estou na co-produção do documentário, a convite do Zé Maurício, e fico muito feliz e honrada em fazer parte dessa equipe. Além disso, estou trabalhando também em um novo projeto musical, mas ainda não posso dar mais detalhes! Vocês já já vão ficar por dentro de tudo!

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