Nos Estados Unidos há 10 anos, a brasiliense Bia Borinn está de volta às telas no longa “Música” (Prime Vídeo), ao lado de Camila Mendes e Rudy Mancuso, e “Nas Alturas” (Apple TV/YouTube TV) com Gary Smith.
Após um hiato de 5 anos, a atriz, que interpretou a vilã Úrsula em “Experimentos Extraordinários”, resolveu apostar em sua carreira internacional. Bia foi premiada pela UCLA, principal universidade de Los Angeles, pelo projeto “Brazilian Play and Learn”, em que promove o Português como língua de herança; e nos filmes em que estrela, traz de forma única o gingado brasileiro. Confira, na íntegra, a entrevista sobre os novos projetos da atriz:
Bia, conta pra gente quando decidiu que queria seguir carreira como atriz?
Eu sempre gostei muito de música, de dançar, de fingir que cantava ao microfone. Lembro de que com 3 anos imitava o Michael Jackson. Mas como vim de uma família humilde, ser atriz nunca passaria pela minha cabeça porque não era uma profissão pra mim. O tempo foi passando e queria ser médica, depois geneticista, jornalista, historiadora, cientista social e… depois de experiências no palco na escola e no clube, percebi que queria ser artista. Não somente atriz, mas tudo o que envolve contar uma história. Aí passei na USP em Artes Cênicas. O Teatro foi, é e sempre será minha origem, mas adoro tantas formas de atuar.
Quais são as suas maiores referências?
Minhas referências, nossa, são muitas. Mas Fernanda Montenegro é sempre pra onde espio.
Nesta quinta estreia “Música”. Pode revelar detalhes da sua personagem no longa?
“Música” tem uma trama centrada em poucos (e essenciais) personagens, o Rudy é mestre em síntese, não deixa sobrar nada. Então tem uma equipe de performers grande e incríveis ao redor destes personagens. Eu faço uma cena em que sou amiga da mãe (da vida real, Maria) no salão de beleza dela. Um plano sequencia rápido porém muito complexo. Foi um grande desafio: falar um texto ao ritmo de um maracatu… olha, dedico esta cena ao Fernando Barba (in memorian) e a todos os Barbatuques porque foi minha base pra percussão corporal, sentir e fazer ritmo no corpo. O Marivaldo dos Santos (músico e diretor do STOMP em NY) fez um trabalho incrível no filme.
Por que você optou por viver nos EUA?
Eu mudei pros EUA para treinar atuação em inglês e ter a experiência de morar fora. E fui ficando. Primeiro em NY (treinei com o Harold Guskin e Clark Middleton) e depois em LA foi quando comecei a trabalhar mais como atriz. Agora que tenho cidadania posso entrar e sair para trabalhar em qualquer lugar do mundo. Cresço muito (como artista, como pessoa) conhecendo outras culturas.
“Nas Alturas” também está próximo de estrear na Apple TV. Como surgiu o convite?
SkyFly ou Nas Alturas foi um teste que peguei que fiquei muito feliz. A gente sempre procura por personagens brasileiras e é sempre uma surpresa boa quando aparece!
Quando você acredita que aconteceu a grande virada de chave na sua carreira?
Olha, eu não acredito em “virada” porque a vida de artista é dinâmica e depende de muitos fatores. Tive fases. Momentos. Grandes momentos foram: quando peguei minha primeira vilã, no Experimentos Extraordinários; quando fiz o SkyFly/Nas alturas, meu primeiro longa aqui nos EUA; quando me sindicalizei aqui nos EUA, quando consegui uma boa agência, e agora estou fazendo testes para papéis maiores em séries grandes. Mas continuo criando e estudando, porque tenho experiência suficiente para saber que o que importa é a caminhada rs.
Você raspou parte do cabelo para viver sua personagem. Foi um desafio?
Amei ter feito o undercut. Foi a partir de uma pesquisa minha como atriz. Foi assim que a imaginei. Como diz um professor meu, Milton Justice, que foi braço direito da Stella Adler no estúdio em LA: não é porque você fala as palavras que a personagem existe. Então analisar, imaginar, imaginar e imaginar, testar fisicamente, corporificar é fundamental.
Você sempre se joga em cada um dos papeis? Consegue citar mais alguma grande mudança que topou para encarar um trabalho nas telas?
Já deixei cabelo crescer, já fiz pilates porque achei que era a atividade física que a personagem faria… agora tô fazendo YOGA todo dia porque minha próxima personagem é uma professora de yoga rs. Adoro.
Vale tudo: Conte 5 curiosidades sobre você que o público ainda não sabe.
Sou massagista Ayurvédica; sou estudante de Medicina Tibetana; eu como compulsivamente quando estou ansiosa; amo andar de bicicleta e esqueço os nomes das pessoas.