Com quase 1 milhão de seguidores no instagram, a modelo, apresentadora e influencer Ellen Milgrau já fez carreira internacional trabalhando para grandes marcas como Valentino, e ganhou destaque nas redes sociais ao compartilhar seu estilo de vida único e irreverente.
Após criar o projeto “Faxina Milgrau”, que realiza serviços de limpeza voluntária para ajudar quem sofre com depressão, Ellen viu seus vídeos alcançarem mais de 30 milhões de pessoas, no Tiktok. Em alguns episódios, inclusive, a modelo conta com a presença de famosos como a ex-BBB Karol Conká e a Linn da Quebrada, que somam força na transformação das vidas (e lares) dos acumuladores.
Em entrevista exclusiva ao EntreMusic Brasil, ela conta tudo sobre o projeto, além de abrir o jogo sobre a carreira e os desafios no mercado da moda. Confira na íntegra!
1 – Quando você decidiu que queria ser modelo? Poderia citar os seus principais trabalhos no meio? Quais jobs marcaram mais? E os mais desafiadores?
Na verdade, nunca tive anseio de ser modelo. Apenas foi acontecendo e segui o fluxo! Os principais trabalhos foram para Valentino, Prada, Polo, Ralph Lauren e Paco Rabanne. Os mais marcantes foram Valentino e Paco Rabanne, por serem marcas que me tornei muito próxima. Era quase um ambiente familiar para mim, estar ali sempre trabalhando com eles. O mais recente foi com a Paco, que tenho um carinho muito grande pois vivi experiências incríveis com a marca, onde pude explorar tanto meu lado como modelo quanto como influenciadora. Os mais desafiadores acredito que foram para marcas menores, que tinham falta de estrutura. Por exemplo, já precisei fotografar no frio de -12º C, a ponto de quase ter uma hipotermia, ou usar sapatos menores que o meu número.
2- De onde surgiu a ideia de criar o projeto “Faxina Milgrau” e como você consegue conciliar com o trabalho de modelo?
O ponto de partida foi ajudar um amigo que estava em uma situação muito complicada, porque estava passando por uma depressão profunda. Pessoalmente, eu já gostava de limpar, manter tudo organizado e organizar também as coisas da casa dos meus amigos. Só não gosto de me envolver com louça (risos). Eu também passei por momentos de profunda depressão, então sei como é não ter forças para levantar e fazer o simples. Fazer esse trabalho também virou uma forma de lidar com minhas próprias questões. Tem sido tranquilo conciliar com a minha função de modelo porque, hoje em dia, consigo selecionar mais os trabalhos de moda que posso fazer.
3- Você aborda bastante do seu dia a dia no instagram. Como foi pra você começar com um conteúdo tão diferente no tiktok, com o “Faxina Milgrau”?
Estava cansada de ver mais do mesmo: gente linda e aparentemente feliz quando, na verdade, o mundo não é esse conto de fadas. Precisamos ajudar uns aos outros e, nessa primeira experiência, me senti útil. Não tem sensação melhor!
4- Como modelo, a pressão imposta pela indústria da moda ainda te afeta? Você acha que esse padrão está sendo quebrado?
Desde que comecei minha trajetória como modelo, nunca me senti suficiente com meu corpo, pele, estilo… Mas aprendi a disfarçar. Tudo isso conta na carreira. As cobranças começaram desde muito jovem, porque eu tinha 15 anos quando tudo aconteceu. E, pelo menos para mim, o padrão sempre foi e continua sendo o mesmo, não houve muita mudança. Sempre tenho que estar nas medidas determinadas, por exemplo. Acho que isso varia de perfil para perfil. Aqui no Brasil posso dizer com certeza que esse padrão vem sendo quebrado ano após ano, porque somos muito plurais por aqui, mas, fora do Brasil, a realidade não é a mesma e está longe de ser!
5- Quando as pessoas te encontram, elas te reconhecem como modelo ou já tem gente que vem a partir do projeto?
Vem bem mais gente a partir do projeto, sem dúvidas.
6- Como é ajudar tantas pessoas nesse recomeço? Poderia também explicar um pouco pra gente como funciona esse processo de seleção dos que serão contemplados com a ação?
É a coisa mais preciosa que eu tenho comigo hoje! Temos um formulário que deixo na bio das minhas redes sociais, em que as pessoas se cadastram e contam as suas histórias, mandam fotos ou vídeos do local. Atendemos os casos que consideramos mais graves e que tem maior emergência, principalmente se o local estiver muito sujo.
7- Os vídeos do projeto atingem milhões de visualizações. Você imaginava que o sucesso seria tanto?
Tinha um pouco de noção, porque até então não se abordava esse tipo de conteúdo aqui no Brasil. Eu via algumas pessoas de outros países fazerem e sentia vontade de ver isso acontecer aqui no Brasil, queria que tivéssemos vídeos do gênero em português, além de querer ver esse cuidado e tema sendo abordado. Nós consumimos muitos conteúdos na internet, e muita gente também sofre desses distúrbios ou se identifica com o que costumo postar.
8- Sendo uma pessoa que convive diariamente com a depressão, como é poder ajudar outras pessoas que passam pelo mesmo?
Uma das coisas mais difíceis para quem sofre de depressão é escutar que se trata de frescura ou que falta força de vontade. Imagina a dificuldade de uma pessoa que chega ao ponto de ter uma casa como as que eu vou fazer faxina. Essa pessoa está em sofrimento extremo, e tudo que ela não precisa é ser recriminada. Para mim, ajudar essas pessoas significa amenizar o sofrimento delas, sem críticas, sem perguntas, apenas oferecendo compreensão e apoio. Quando isso acontece, sei que estou levantando, um pouquinho que seja, alguém que se sente no fundo do poço. E me levanto também, porque há uma troca de esperança, que é tudo que nos falta quando estamos deprimidos.
9- Você tem algum projeto engavetado, pras redes sociais ou de âmbito social, que gostaria de dar start? Conta pra gente o que podemos esperar daqui pra frente?
Tenho sim, muitas novidades, mas prefiro contar só depois que der certo! Fora isso, eu gostaria de começar a cursar Psicologia para ter mais embasamento com os casos que atendo! E para, quem sabe, me entender melhor também.