Escrita por Adriana Lunardi e Max Mallmann, a primeira parte da série “Ilha de Ferro” foi exibida na Globo de 09 a 20 de agosto deste ano – repleta de adrenalina e emoções – mas já conta com as duas temporadas disponíveis no serviço de streaming Globoplay.
“Ilha de Ferro” conta a história de uma equipe de petroleiros que vive diversos dilemas tanto na plataforma PLT-137, em alto mar, como em terra firme. A petroleira Liliane Rocha, interpretada pela atriz Tóia Ferraz, de 34 anos de idade, é uma das únicas mulheres entre os homens no time de funcionários.
A paulistana, que se descobriu atriz aos 15 anos de idade em uma peça teatral da escola, ganhou notoriedade ao dar vida à Rocha. Para contar um pouco mais sobre sua carreira, a preparação para fazer a personagem e outras curiosidades, Tóia bateu um papo exclusivo com o Entre Music Brasil. Confira!
Como foi sua estreia em TV aberta?
Foi uma surpresa maravilhosa! A série ficou um bom tempo no streaming então ficamos muito contentes quando soubemos que ela ia pra tv aberta. Eu acho um produto com uma linguagem muito autêntica, merecia passar na tv aberta. E o mais legal é acompanhar a reação do público, as pessoas receberam muito bem a série. Sofrem junto, torcem, se emocionam…
Como foi o convite para interpretar a Rocha?
Eu tinha acabado de voltar ao Brasil depois de uma breve temporada estudando interpretação em Nova Iorque. O Afonso Poyart [diretor artístico da série] me ligou e disse que tinha um papel em uma série nova que ele estava começando, perguntou se eu topava fazer o teste. Eu já tinha trabalhado com o Afonso em publicidades e era fã do trabalho dele; topei na hora. Em um mês eu estava de mudança pro Rio de Janeiro.
Como é a história da sua personagem Liliane Rocha?
A Rocha é uma mãe de família apaixonada pelo seu trabalho e muito dedicada ao seu maior tesouro, seu filho Lucas. Ela vive o drama de muitas das pessoas que trabalham embarcadas: conciliar a vida “off shore” (longe do continente) com a vida em terra sem deixar a desejar em nenhuma delas. Mas o que piora a situação da Rocha é que ela tem um marido violento e sofre violência doméstica.
De que forma você acha que a sua personagem pode ajudar mulheres que passam pelo mesmo problema em um relacionamento abusivo?
Eu espero que quanto mais a arte mostre histórias de abuso e violência doméstica, mais as pessoas percebam que é um problema que não pode ser ignorado e muito menos tolerado. É preciso denunciar todo e qualquer tipo de violência! A jornada é longa e o medo das muitas mulheres de denunciar é legítimo, mas é preciso apontar caminhos pra que elas se sintam cada vez mais protegidas.
Você fez alguma preparação para poder dar vida à personagem? Como foi?
A Ana Kfouri fez um trabalho muito bonito de preparação de elenco. Boa parte dos atores não se conhecia então essa experiência com a Ana foi muito importante pra gente começar a criar os primeiros vínculos. E depois tivemos uma preparação prática pra entendermos mais sobre esse universo dos petroleiros. Fizemos um curso prático e teórico no Centro Náutico do Rio de Janeiro, com direito a prova e tudo! Foi fundamental pra conhecer melhor a realidade e a vida das pessoas que trabalham em plataformas. Foi lá que pudemos conversar com os petroleiros, escutar suas histórias, seus dilemas, suas alegrias e principalmente, o que os move a trabalhar em um lugar onde os riscos são tão altos e os acidentes constantes.
Como foi os bastidores de gravação?
Intenso! Era tudo intenso nesse trabalho. A trama, os personagens, os dramas do roteiro e da vida pessoal de cada um (risos), até a temperatura lá dentro colaborava pra essa atmosfera quente. Nosso cenário, uma plataforma construída especialmente pra série dentro do Projac, era 2 graus mais quente que fora dela então imagina o calor do RJ num lugar que por si só já esquenta mais? A gente fervia! Ao mesmo tempo, as pessoas estavam muito felizes de estarem contando essa história, então a gente se divertia muito. Todo dia que eu chegava no set e olhava pra aquele cenário eu pensava: ‘que incrível fazer parte disso’. Tinha muito suor, muita dedicação, muito estresse e muito empenho da parte de todo mundo que se envolveu. E os riscos eram grandes: helicóptero, navio, contêineres de não sei quantos quilos…. Então cada dia que dava tudo certo era uma glória.
Qual sua relação com os outros atores da série?
Ah, eu amo aqueles petroleiros chatos! (risos). No início, foi um pouco esquisito perceber que seríamos tão poucas mulheres no elenco (a porcentagem de mulheres trabalhando em plataforma é realmente muito menor), mas logo depois eu já estava amando estar do lado daquele bando de malucos. Ao mesmo tempo que a trama de ‘Ilha de Ferro’ é muito densa, os atores são muito comédia e, então, aliviava um pouco esse clima de pressão o tempo todo. Nosso diretor, várias vezes, chamou nossa atenção pra sempre lembrarmos que ninguém está 100% relaxado em plataformas de petróleo, então tínhamos que trazer essa tensão constante pras telas. Mas o Milhem Cortaz, por exemplo, que faz um dos personagens mais ‘casca grossa’ da série, dançava ballet entre um take e outro, então às vezes tínhamos que nos esforçar pra manter a concentração.
Duas temporadas da série estão disponíveis no Globoplay. O que mudou na sua personagem da primeira para a segunda temporada?
Na primeira, a Rocha está o tempo todo lutando pra garantir o bem-estar e a segurança do filho. E ela enfrenta várias dificuldades, como marido violento, covid-19, etc. Na segunda, ela se permite mais. Por mais que ela siga na plataforma e ali nunca será um ambiente tranquilo, na segunda ela se permite ser mais feliz, brincar um pouco mais. Foi interessante pra mim perceber que a Rocha ria mais na segunda temporada. Tem uma cena, no início da segunda temporada, que a Rocha gargalha com a Julia; eu na hora pensei: ‘nossa, nunca vi a Rocha gargalhar!’ E essa cumplicidade das duas fica ainda mais forte na temporada 2.
Como foi gravar as cenas quentes com outros atores da série?
As cenas quentes não são tão quentes quando se está atuando. É mecânico, coreografado, técnico, bem mais sem graça do que as pessoas imaginam. E, felizmente, eu tive parceiros muito profissionais. O Cauã, o Julio e o Eriberto são atores muito experientes, então me senti tranquila também nesse sentido.
Qual cena mais marcante pra você na primeira temporada que foi exibida na Globo?
Vixe! Eu gosto de tantas cenas! Sou suspeita com essa série. Difícil escolher uma… Eu amo uma cena da Sophie que ela tá dançando com uma luz neon, amo as cenas surreais que o Afonso criou do Dante se afogando, mas falando da Rocha eu curto a cena que ela pula em cima do bandido e morde a orelha dele. Acho esse simbolismo do bicho que toma conta dela, quando percebe que o filho talvez não se salve, muito forte. É o ápice do desespero dela.
Quais outros trabalhos você já fez?
Eu dediquei boa parte do início da minha carreira ao teatro e migrei pro cinema e televisão mais recentemente. Meu primeiro filme chama-se ‘Todo Carnaval Tem Seu Fim’ e foi dirigido pelo Vitor Baumgratz e pelo Paulo Leite, que é uma comédia sobre o Carnaval de São Paulo. Tem um segundo filme pra estrear chamado ‘Galeria Futuro’ dirigido pelo Fernando Sanches e gravado em 2019, mas ainda sem data de lançamento. Também dirigi meu primeiro curta metragem em 2020, escrevi duas séries e participei como atriz da série ‘Os Ausentes’, que acaba de ser ler lançada na HBO Max. Sou apaixonada por atuar, mas durante a pandemia também percebi que amo escrever e pensar em roteiro, então comecei a me aventurar em aprender mais sobre outras funções como roteiro e direção. No fundo, o que me move é querer contar boas histórias.
Quais seus próximos passos?
Estou no processo de ensaios pra uma nova série, mas ainda não posso contar. Em breve!