quarta-feira, abril 2, 2025
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Fenômeno da música erudita, Felipe Menegat se apresenta no Café da Catedral

Descendente de imigrantes italianos, Felipe Menegat se apaixonou pela música clássica sacra aos 9 anos. Sua trajetória passa pelo seleto grupo de alunos da premiada soprano Leila Guimarães (vencedora do prêmio EMI ao lado de Luciano Pavarotti, com a Ópera La Boheme de Puccini – “Opera Philadelphia”), e é marcada pela comenda de Cavaleiro da Pontifícia Ordem do Santo Sepulcro de Jerusalém recebida em 2017, além de sua visita ao Papa Bento XVI em 2018.

O ano de 2023 também foi um divisor de águas para Felipe. Ele foi escolhido para reverenciar o renomado Luciano Pavarotti na comemoração dos 70 anos do hotel Ca’d’Oro, o primeiro hotel cinco estrelas da capital paulista. Agora, o tenor se prepara para mais um grande passo: ele se apresentará no dia 14 de março no Café da Catedral, localizado no centro histórico de Porto Alegre, a partir das 20h.

Em entrevista ao EntreMusic, ele conta curiosidades e as inspirações para a carreira. Confira:

Como foi seu início na música clássica e o que o motivou a seguir carreira?

Tenho uma recordação da minha infância que tem a ver com o grande Luciano Pavarotti. Para contar essa lembrança, me permita fazer uma breve introdução. Sou do final da década de 80 e, portanto, fui criança durante a década de 90. No ano 1994 foi a gravação do lendário álbum “Três Tenores in Concert” que ganhou o mundo na voz de Pavarotti, Jose Carreras e Plácido Domingo. Me parece que, de modo especial, pela sua inigualável voz e carisma com o público, Luciano Pavarotti se tornou a principal referência de tenor para os brasileiros. E é aí que entra a minha recordação: eu canto desde pequeno, sempre alcançando notas altas e do que as pessoas me chamavam depois de me ouvir? Pavarotti! Então eu, ainda criança, fui atrás de saber quem era “esse tal” Pavarotti. Acho que posso dizer que esse foi o meu início na música clássica e esse grande tenor segue sendo minha principal referência. Seguir carreira na música aconteceu de forma natural porque eu sempre cantei, mas minha motivação foi ter me dado conta, de forma definitiva, de que cantar é a minha vocação.

Felipe, quais são suas peças musicais favoritas e por que elas têm um significado especial para você?

Duas peças falam muito ao meu coração. A primeira é Ave Maria de Schubert que foi minha primeira gravação profissional e tem um significado especial para mim porque acredito firmemente na intercessão de Nossa Senhora sobre a minha vida e meu trabalho. A outra é a canção Se (Cinema Paradiso) de Ennio Morricone a quem considero um gênio cuja música é capaz de nos proporcionar uma pequena experiência do céu. Cantando ou apenas escutando, é impossível não me emocionar. A música dele nos faz crer e desejar algo melhor.

Como você se prepara para as performances em termos de técnica vocal e interpretação emocional?

Minha preparação vocal compreende as aulas com meu maestro e a preparação corporal com um descanso adequado, cuidados com o sistema respiratório e, mais recentemente, minha alimentação. Como bom descendente de italiano, sou amante de “una bela pasta”, mas precisei aprender a ser mais regrado e já sinto resultado em minha perfomance. Do ponto de vista da interpretação emocional, me sinto privilegiado por já ser uma pessoa sensível e de sentimentos aflorados. Embora essas características possam “bagunçar a vida” de vez em quando, para quem trabalha com arte, penso que elas auxiliam não somente a captar, mas também, a transmitir os sentimentos presentes numa canção.

Quais são os desafios específicos de cantar música erudita em comparação com outros gêneros musicais?

A música erudita é um estilo de “alta perfomance”. Ela te exige tudo, o máximo do tom, do controle vocal e corporal e da interpretação. Não é possível entregar o médio porque o erro aparece, se evidencia e, por vezes, compromete a apresentação. Além disso, nosso público é exigente, apaixonado e deseja ver o máximo da nossa entrega. Apreendi que esses desafios são incentivos para perseguir o melhor da minha capacidade e cultivar virtudes.

Como você vê a relação entre a música clássica e o público contemporâneo?

Esse é um tema sensível. Me parece que há uma tendência (não generalizada) da modernidade em eliminar o passado e, especificamente em relação à música, procura-se caracterizá-la apenas como entretenimento. E, nessa lógica, vale tudo, inclusive, a eliminação de aspectos essenciais da música como harmonia e a melodia, em prol da industrialização e da falsa concepção de que o chamado público contemporâneo não aprecia a música clássica em razão da sua complexidade. A música, no entanto, é arte. E a música clássica erudita é arte complexa e que, por isso mesmo, encanta. Ela é capaz de visitar “lugares” complexos da alma humana, aflorando memórias, afetos e sentimentos que libertam. Algo assim tem o seu público e sempre terá. Minha certeza é de que todos anseiam pela beleza que a música clássica pode proporcionar.

Qual é o papel da música erudita na sociedade atual e como você acredita que ela pode impactar positivamente as pessoas?

Para mim, o papel da música erudita na sociedade atual é o de salvação. Quando a sua alma se eleva a partir de uma bela canção bem executada você, naturalmente, passa a desejar o melhor. Ser melhor, viver melhor, se relacionar melhor e, consequentemente, fazer o melhor que estiver ao seu alcance para a vida dos que estão ao seu redor. Na vida cotidiana também vemos que muitas pessoas dizem que estudam e/ou trabalham melhor ao som da música clássica. E, mais recentemente, tivemos um exemplo do poder curativo da música descoberto pela medicina: uma pessoa portadora de doença de Alzheimer que não reagia à estímulo algum, teve um estímulo nervoso ao escutar uma música que lhe era familiar. Assim, eu acredito que a música gera vida para a sociedade.

Quais são seus projetos futuros?

Tenho o desejo de levar minha música cada vez mais longe a cada dia. Temos um planejamento para esse ano de 2024 que compreende a gravação e o lançamento de mais 3 canções para as plataformas digitais onde sou escutado em diversos países. Isso me deu um “termômetro” para mirar também no exterior e há cerca de um ano venho me preparando para apresentações na Itália e em Portugal que devem sair ainda neste primeiro semestre. No Brasil, também estamos buscando patrocínio para a realização do show Felipe Menegat in Concert em mais 3 capitais: Curitiba, Brasília e Recife. Particularmente, tenho um carinho muito especial por esse projeto porque o repertório percorre minhas principais influências musicais em estilo Pop ópera. Passo desde Andrea Boccelli a Luis Miguel e dedico um bloco especial em homenagem ao rei Elvis Presley. Que venham muitos patrocinadores e parceiros em 2024 porque eu estou cheio de energia para cantar mundo afora.

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